quinta-feira, janeiro 10, 2008

John Nash...

O cheiro era doce e o colo agradável. Eles se conheceram num desses caminhos que a vida traça, nada planejado por parte dela, mas ele estava à procura. E era assim que eles ficavam, um acolhendo o outro. Por horas e horas. Quando ele dizia se sentir triste, ela lhe oferecia o ombro. Quando ele precisava trabalhar, ela ficava em volta admirando. Quando ele cozinhava o jantar, ela suspirava. Quando ele cantava baixinho ao seu ouvido, ela se emocionava. Quando ele lhe escrevia cartas de amor, ela chorava, sorria e se sentia única. E todas essas coisas melosas de um relacionamento totalmente passivo, e cheio de extremos... no início ela foi hostil, mas ele investiu tudo... ela cedeu. Viveu coisas que nunca haveria imaginado e nem achava ser possível. Cada sensação na pele, cada batimento cardíaco, cada friozinho na barriga quando o via, a felicidade por coisas bobas.
Foram muitos dias de convívio, e praticamente tudo juntos... riam juntos, choravam juntos, cantavam juntos, dançavam juntos, amavam juntos e todas as outras repetições românticas. Mas, tudo parecia perfeito. Parecia.
Um dia, ele achou melhor morrer...Antes, ele lhe contou a verdade, ela nem conseguia entender o motivo, tentou gritar, xingar, chorar, sentir ódio. Conseguiu apenas sentir uma mágoa bem escondidinha. Entendia que seria melhor pra ele. O mundo dela desmoronou. E agora? pra onde ela deveria ir? o que deveria fazer? Resolveu ficar no mesmo lugar, e apenas esperar para ver o que aconteceria.
As noites não eram mais felizes, e os dias eram agonizantes... sempre esperava pelo pior. O pior veio. Ele começou a ficar indiferente, andou por outros caminhos e fazia questão de lhe contar, dizia não poder ficar sem a amizade dela. Continuava se encostando no ombro dela, mas não percebia que as lágrimas que rolavam do seu rosto, feriam brutalmente o peito dela. Ela aceitou. Ainda continuava tendo algum proveito. Aqui e acolá tinham uma recaída. Era bom. Mas isso começou a estragar a cabeça dela. Ele estava acostumado. Ela não. Ele se apaixonava por outras. Ela lhe era fiel. Até que, ela começou a desistir. Já não via a hora dele ir embora, o queria por perto, gostava dele por ele, mas odiava as coisas que ele insistia em fazer. Ela gritava, xingava, pedia que ele morresse logo... mas ele achou melhor continuar vivo, só que desbravando outras terras e andando por outros caminhos, até mais bonitos com canções diferentes. Enquanto ela, chegava-lhe a implorar por atenção. Já havia aprendido a viver sem ele, sem o amor, carinho, canções e nem queria mais ... no entanto gostava de continuar com ele, brincando, conversando... pedindo conselhos. Só que ele cansou, gritou, depois acalmou, mas não se interessava mais. Mesmo querendo que ele seja feliz, ela continua desejando a morte dele.