segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Rumo ao Futuro!

"Começamos a morrer no momento em que nascemos, e o fim é o desfecho do início." (Marcus Manilius)


-eu tava pensando em fazer um plano funerário, mas é muito caro...
-é, se fosse uma taxazinha de 10 reais... Mas é 25, 30 reais...
-pois é, eu nem sei quando vou morrer... O bom é que já fica tudo pronto
-(rindo) imagina se tu paga a primeira e morre..
- ganha até café... Pelo menos não dá dor de cabeça pra família, lembra do fulano? Eles ajeitam tudo a pessoa é até coberta com flores, fica tão bonitinho...

Minha concepção de morte e vida mudou quando visitei o laboratório de medicina da universidade onde estudo. E a conversa dessas, caricatas, senhorinhas... Um baixotinha e gordinha e uma alta e magra, me fez recordar das minhas experiências com pessoas mortas.
Certa vez, fui a um velório super animado de uma senhora que nem sei quem foi... Ao percebermos (minha irmã, uma prima e eu) que a família estava tomando umas latinhas de Skol, conversando felizes... Partimos para o ataque, cutucamos, apertamos e batemos na velha inteira. E pela primeira vez senti o frio de um defunto... É uma sensação esquisita, horrível, parece que chega ao osso.
Mas a coisa mais estranha da minha vida foi ver corpos dentro de um tanque, esperando a vez para serem estudados. Uma mulher pela metade, um velho dissecado, braços, pernas e um balde cheio de órgãos humanos (confesso ter lembrado de churrasco).
Fiquei imaginando o que eles fizeram quando estavam vivos, para não terem quem reclame o corpo, embora não importe mt pq eles nem sabem que estão ali. Mas pensei nas ações. O que uma criatura daquelas fez a vida toda? O que ela plantou? O que ela teve? Esposa? Marido? Filhos? Parentes? Amigos? Emprego? Será que elas eram pessoas de boa índole? E etc. etc. etc.
A vida não acaba quando morremos, mas só temos essa oportunidade para agirmos da melhor maneira possível. A nossa eternidade (discorde ou não) depende do que fazemos agora. Nunca esquecer das relações que estabelecemos. Viver intensamente como naquela frase idiota “como se hoje fosse o último dia” não é fazer o que vier a cabeça, é ter controle sob os desejos aproveitando com decência e responsabilidade tudo o que a vida lhe proporciona.